Entre o Oriente e o Ocidente

Bei gosta de desafios. Procura em cada música algo especial na sua técnica. Admira a concretização. Um pouco como a guitarra portuguesa que, segundo a cantora, «apesar da sua complexidade técnica traduz-se num som melódico e simples».

Daí a sua paixão pelo fado, por ser um desafio técnico para qualquer cantor. «O fado fascina-me pelos seus tiques vocais que surpreendem, ao contrariarem a progressão normal da música». No fundo, Bei deixa-se seduzir por esta maneira de ser portuguesa que, para ela, se traduz em fados como Nem às Paredes Confesso, Lágrima, Povo que Lavas no Rio ou Fado Lisboeta.

Apesar de gostar de Amália, Bei emociona-se ao ouvir Mariza a cantar. Uma paixão que lhe deu bastante força para aprofundar o seu gosto por esta música tradicional portuguesa neste último ano.

Uma sedução que se iniciou há cerca de 15 anos, quando chegou a Portugal, depois de ter largado uma carreira como professora de Economia Política, na Universidade, por se ter casado com um português, com quem tem dois filhos.

Aqui encontrou o fado, a palavra saudade, a comida e um ambiente acolhedor. Para trás ficou o dinamismo chinês e a família, algo do qual sente a falta e que a leva a visitar todos os anos o país que a viu nascer.

No Oriente também ficaram duas experiências musicais que construiram a sua maneira de cantar, a ópera de Pequim, o folklore chinês e o country norte-americano. Os primeiros géneros musicais acompanharam Bei desde a infância e fazem parte da sua cultura. O terceiro permitiu-lhe abrir-se ao mundo ocidental.